29 maio 2006

tivesse eu coragem

na última quinta-feira fui jantar com um grupo de pessoas que não conhecia. já tinha falado para elas, sabia o ponto de vista delas sobre algumas coisas, mas nunca as tinha visto. não interessa como nem porquê. jantámos, conversámos, brincámos... senti-me livre das amarras que me prendem, que me obrigam a ser aquele que as pessoas julgam que eu sou. senti-me bem. tenho sido mais "eu mesmo" nos últimos dois meses do que tive oportunidade de ser nos últimos anos. é tão mais fácil quando os outros não sabem quem somos e estão ali, à nossa frente, à espera de serem surpreendidos por uma qualquer simpática normalidade.

já tinha acontecido o mesmo quando acompanhei o joão à colónia de férias. senti-me um homem novo. e, agora, apetece-me realmente começar de novo. adorava ter coragem para partir. mala às costas, guitarra na mão e fugia para outro país, outra cidade. tivesse eu coragem e não estivesse eu tão preso a um irmão que, após uma semana longe de mim, não tem qualquer pejo em vir a correr abraçar-me quando regresso. "é o meu mano" grita. não estivesse eu tão preso a uma música e um projecto que dão sentido a uma semana que só o ganha quando se aproxima a hora de mais um concerto ou ensaio. não estivesse eu tão preso às pessoas que se vão lembrando de mim (exactamente aquelas que provocam em mim o mesmo tipo de movimento) e já me tinha ido embora: desta casa, desta cidade, deste pais. seria, aposto, um homem novo. assim vou continuar a ser o velho samuel. tivesse eu coragem...

e o cheque que a segurança social me deve no bolso!!