yes, you can...
muito do que poderia ser dito acerca da vitória eleitoral de barack obama e o quanto esta representa, está aqui, nas palavras de sam cooke interpretadas pelo otis redding. a mudança e a fé na mudança que, inevitavelmente, chegará um destes dias. a letra centra-se na luta desigual que os negros têm enfrentado na procura de uma "mera" igualdade, questão esta absolutamente premente na altura em que foi composta (em pleno movimento dos direitos civis para os negros norte-americanos). esta semana, finalmente, um negro norte-americano chegou à casa branca, tornando-se o homem mais poderoso do mais poderoso dos países. para além das mudanças que todos esperamos nas posições políticas, acredito que esta eleição represente ou venha a representar uma mudança no modo como ainda se vêm as questões raciais.
porque me incomoda profundamente que, na pré-primária, ainda se leiam histórias sobre "um pretinho chamado barnabé" que era muito porreiro e igual aos meninos branquinhos!... custa-me a aceitar que seja preciso ensinar a um menino de 4 anos que alguém que tem um tom de pele diferente do dele não é, afinal, diferente. não estaremos, com estes artificialismos, a marcar a diferença mesmo quando a nossa intenção é reforçarmos a semelhança?
é que o meu irmão, há umas semanas atrás, tinha uma coleguinha chamada maria... agora tem uma "colega pretinha chamada maria"!
3 comments:
Percebo o que dizes. Por mim, não tenho qualquer problema em diferenciar para acentuar a semelhança. Aliás, acho que é a única maneira de ultrapassar séculos de uma pretensa e estúpida supremacia branca. Não seria justo partir do princípio que se somos todos iguais, então temos que ser mesmo todos iguais e ter tratamento igual. É que alguns partem com séculos de atraso.
também percebo o que dizes. o problema é que, neste caso em particular, falamos de crianças que, à partida, não reconhecem diferença nenhuma. e nós estamos a dar-lhes uma razão para pensarem de maneira diferente. para o meu irmão a maria era igual a ele e não havia razoes para sequer pensar nessas coisa. nunca tinha reparado que ela tinha um tom de pele "diferente"... era, para ele, tão naturalmente igualzinha a ele quanto um puto loiro, um moreno ou uma ruiva o são. agora é diferente e só depois igual. é preta, mas os pretos são iguais a nós! para ele, a estúpida supremacia branca não existiu, tanto que nunca diferenciou até agora os "brancos" dos "pretos". agora fá-lo.
pois, infelizmente, (ou, nalguns casos, felizmente) não conseguimos controlar tudo o que ensinam às crianças que nos são próximas.
Enviar um comentário
<< Home